Cadeira nº 14: Luiz Raphael

Pintor, animador cultural e professor



Um artista da memória e da luz


Luiz Raphael Domingues Rosa nasceu e morreu em Leopoldina.

Em 1983, criou o Espaço dos Anjos, um museu, centro cultural e escola livre de desenho e pintura, na casa em que o escritor paraibano Augusto dos Anjos viveu seus últimos na cidade mineira. Durante 25 anos, manteve o Espaço aberto e se tornou um guardião da poesia de Augusto e também do passado e do presente da região de Leopoldina, projetando a cidade nacionalmente. Seu nome era uma referência em matéria de preservação da alma coletiva da sua terra e também um sinônimo de alegria, animação carnavalesca, atenção e carinho por todos que deles se aproximavam.
Sua pintura trata da natureza da Zona da Mata e principalmente da cidade, com seus costumes, festas e cotidiano, mostrando céus, morros, rios, casas, becos, esquinas, quebradas, climas e sentimentos banhados de uma luz brilhante e calorosa.
Segundo Ernandes Fernandes, “sempre vigilante e atento, Luiz Raphael fez de sua obra um constante documento das diversas faces e épocas de Leopoldina, tendo por isto o mérito dos precursores, daqueles que anteveem a necessidade das ações; e, paciente e deliberadamente ao longo dos anos, manteve viva a memória local.”

Trajetória de Luiz Raphael

 Nasceu na casa de sua avó materna na praça General Osório, 73, em Leopoldina. Filho de Geraldo Rosa, o famoso Quadrado, jogador do Esporte Clube Ribeiro Junqueira e Maria de Lourdes Gomes Domingues, filha caçula do comerciante português Raphael Domingues e de Idalina Teixeira Gomes. Estudou no Grupo Escolar Ribeiro Junqueira e no Colégio Estadual Professor Botelho Reis.
  • Em 1964 vai para o Rio de Janeiro onde permanece por nove anos, tendo trabalhado na Editora Delta Larousse e no jornal Correio da Manhã.
  • 1970/71 – Ilustração de histórias infantis no Domingo Ilustrado, jornal semanal de Bloch Editores.
  • 1970 – Ambientação para o carnaval do Clube Leopoldina. Em 74, 75 e 81 faz a ambientação carnavalesca do centro de Leopoldina e em 77, 78, 86, 87 e 88 decora o Clube do Moinho para o carnaval.
  • 1972 – Participa da montagem da exposição comemorativa do Sesquicentenário da Independência no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro.
  • 1973 – Menção honrosa no concurso de artes visuais da Faculdade de Filosofia de Cataguases.
  • 1975 – Primeira exposição individual na Associação Comercial de Leopoldina. Participou do Salão Nacional de Artes Plásticas no Palácio da Cultura, no Rio.
  • 1977 – Participação na equipe de programação visual do IBAM para o Metrô do Rio de Janeiro.
  • 1978 – Curso de desenho com Roberto Magalhães na Escola de Artes Visuais do Rio.
  • 1979 – Mostra individual na 43a Exposição Agropecuária Industrial de Leopoldina. Expõe no encontro de ex-alunos do Colégio Estadual Professor Botelho Reis, em Leopoldina.
  • 1980 – Trabalha com o carnavalesco Fernando Pinto na equipe de decoração do Terceiro Baile do Pão de Açúcar, no Rio. Exposição no Conservatório Estadual de Música Lia Salgado, em Leopoldina.
  • 1982 – Forma-se em Educação Artística no Conservatório Lia Salgado. Participa de mostra coletiva no segundo encontro de ex-alunos do Colégio Estadual Professor Botelho Reis.
  • 1983 – Inaugura o Espaço dos Anjos, na casa onde viveu e morreu o poeta paraibano Augusto dos Anjos.
  • 1984 – Exposição individual na Biblioteca Regional de Copacabana, no Rio.
  • 1985 – Faz a programação visual e dirige a montagem dos festejos dos 50 anos da Exposição Agropecuária e Industrial de Leopoldina.
  • 1986 – Viagem cultural pela Península Ibérica.
  • 1990 – Decoração da danceteria Delirium, em Leopoldina.
  • 1992 – “Impressões de viagem”, mostra de desenhos no Espaço dos Anjos.
  • 1994 – Mostras individuais na Galeria da Caixa Econômica e na Galeria do Sesi em Belo Horizonte. Ainda em 94, promove dois concertos ao ar livre em Leopoldina. O primeiro em frente ao Espaço dos Anjos: apresentação do “Bolero” de Ravel, com o Conservatório Lia Salgado. O segundo na praça General Osório, com o Coral da Copasa, de Belo Horizonte e o Conservatório Lia Salgado.
  • 1995 – Expõe suas pinturas em várias vitrines da rua Barão de Cotegipe, em Leopoldina, aproximando-as da população. Recebe o prêmio Imprensa 95, em Artes Plásticas, em Leopoldina.
  • 1996 – Exposição no Espaço dos Anjos por ocasião dos 90 anos da Escola Estadual Professor Botelho Reis.
  • 1997 – Fundação da banda Anjos Travessos para animar o carnaval de rua leopoldinense. Escreve coluna no jornal Via Popular, de Leopoldina.
  • 1999 – Expõe na inauguração do Espaço Cultural dos Correios e Telégrafos em Leopoldina.
  • 2000 – Exposição de pintura com o tema São Sebastião na Usina Cultural de Leopoldina.
  • 2002 – Apresentação do Auto do Feijão Cru, de sua autoria, no Conservatório Lia Salgado.
  • 2003 – Participação em mostra coletiva de artistas leopoldinenses na Sala Multimeios do Instituto Francisca Peixoto em Cataguases. Recebe medalha de Honra ao Mérito da Câmara dos Vereadores de Leopoldina.
  • 2004 – Participação em mostra coletiva de artistas leopoldinenses na Usina Cultural de Leopoldina.
  • 2006 – Torna-se bacharel em Comunicação Social pela Unipac – Campus Leopoldina.

 É preciso destacar ainda suas atividades como professor, não só nos cursos livres do Espaço dos Anjos, como também nas disciplinas de artes cênicas e artesanato no Conservatório Lia Salgado e de educação artística nas escolas estaduais Professor Botelho Reis, Omar Peres, Salgado Lima e Emílio Ramos Pinto.

Manteve aberto o Espaço dos Anjos com as mensalidades dos cursos que nele ministrava e promoveu nele lançamentos de livros e exposições de vários artistas.

Seu trabalho de difusão cultural projetou Leopoldina nacionalmente como a última morada de Augusto dos Anjos e a cidade passou a receber visitas de pesquisadores. Foi no Espaço dos Anjos que a escritora Ana Miranda encontrou material para traçar o perfil de Leopoldina em 1914, época em que se passa seu romance “A última quimera”, da Companhia das Letras. Luiz Raphael contribuiu também com documentos inéditos para a “Obra completa de Augusto dos Anjos”, da Editora Nova Aguilar.
Graças a doações da família do poeta, em 1994, o Espaço dos Anjos tem hoje um dos maiores acervos do poeta paraibano. O acervo do Espaço se formou também através de doações de pessoas das mais diversas procedências e origens, que nele depositaram objetos ligados às suas lembranças pessoais e familiares.


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