Cadeira nº 17: Madre Cândida


Fundadora da Congregação das Filhas de Jesus

  MADRE CÂNDIDA MARIA DE JESUS
Imagem: Casa Provincial, Belo Horizonte-MG. Novena à Santíssima Trindade.


Dados biográficos pelo acadêmico Antonio Dias Pereira Filho

Juana Josefa Cipitria y Barriola, que mais tarde se tornou Madre Cândida Maria de Jesus, nasceu em Andoain, em 31 de maio de 1845. Filha primogênita de Juan Miguel Cipitria (tecelão) e de Maria de Jesus Barriola.
Devota de Nossa Senhora desde tenra idade. Adorava ajudar os pobres e necessitados. Depois que descobriu, aos 10 anos, “que Jesus estava presente na Eucaristia, não teve mais sossego” (Barbosa, 1984, p. 24). Mais tarde, em Tolosa, recusou pedido de casamento, declarando-se “toda e só para Deus”. Foi para Burgos servir na casa dos Sabater. Lá, seu “zelo apostólico” despontou com força e cresceu a ponto de “considerar o mundo pequeno para seus desejos de salvar irmãos” (p. 34). Disse: “Até o fim do mundo iria eu, em busca de almas”.
Em setembro de 1868, então com 23 anos, mudou-se para Valladolid com os Sabater. Foi lá que, pelas mãos do Padre Herranz, seu professor e diretor espiritual, Juana Josefa Cipitria y Barriola desapareceu e deu lugar a Cândida Maria de Jesus, sendo chamada a ser a Fundadora de uma obra de educação cristã para a mulher como meio de salvar almas.
Assim, em 8 de dezembro de 1871, nasceu, em Salamanca, a Congregação das Filhas de Jesus, nome que revela fortemente a “espiritualidade que Cândida Maria de Jesus deseja transmitir à sua Congregação, a Filiação e o Cristocentrismo” (p. 44). Aos 26 anos, Cândida Maria de Jesus tornou-se a legítima superiora da primeira comunidade das Filhas de Jesus. Seu lema sempre foi: “Tudo para a maior glória de Deus e de Maria Imaculada”.
Depois de levar as atividades das Filhas de Jesus a várias partes da Espanha, o Brasil tornou-se pioneiro da realização do ideal missionário de Cândida Maria de Jesus (Barbosa, 1984). Sua missão era estender o Reino de Cristo ao mundo inteiro, evangelizando por meio da educação.
É com essa perspectiva que foi inaugurado, em 8 de dezembro de 1911, o Colégio Imaculada de Pirenópolis, Goiás. Madre Cândida não acompanhou as Irmãs. Permaneceu nos Mostenses (um lugar de paz e fé, afastado da cidade) “orando, sacrificando-se, suplicando e confiando” (p. 92).
Em 1912, Moji Mirim, São Paulo, tornou-se a segunda base em solo brasileiro para a realização dos anseios de Madre Cândida de servir à Igreja. Nesse mesmo ano, depois de ter servido a Deus durante 41 anos (1871-1912), Madre Cândida faleceu em 9 de agosto, aos 67 anos. Seu passamento foi sereno, tranquilo, resumindo o estado de sua alma: “‘tranquilissimamente tranquila, com a certeza da missão realizada, a trajetória plenamente cumprida” (p. 99).
Sua obra foi levada adiante. As Filhas de Jesus chegaram a Leopoldina em 1918 e o Colégio Imaculada Conceição entrou em atividade em 03 de abril daquele ano. Outras unidades estão localizadas em Bragança Paulista, Campinas e Belo Horizonte. As Filhas de Jesus mantêm ainda obras sociais no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Montes Claros e atuam em comunidades inseridas em meios populares.
A grande lição deixada por Madre Cândida é a da “fecundidade de seu exemplo”. “Confiança, amor, adesão à vontade de Deus, aceitação do sofrimento, busca da glória de Deus, consciência da gratuidade” são traços marcantes de seu carisma.
Deixou-nos uma obra efetiva: a Congregação das Filhas de Jesus, cujo propósito maior é a “formação cristã da infância e da juventude” (Barbosa, 1984, p. 99). Ainda segundo a autora, sua proposta pedagógica revela-se simples, mas extremamente fecunda na busca em promover o desenvolvimento integral da pessoa, priorizar a educação na fé e despertar a dimensão comunitária e corresponsável na Igreja e no mundo.
Solidariedade, fraternidade e fé são valores que alicerçam os colégios organizados segundo o ideal educativo de Madre Cândida Maria de Jesus. Em Leopoldina, o Colégio Imaculada Conceição (CIC) é a fonte de propagação desses nobres valores, educando crianças e jovens sempre com muito “amor e alegria”.

Bibliografia
BARBOSA Maria Amélia de Almeida. Ao fim do mundo eu iria. Belo Horizonte: Fumarc, 1984.
MILLÁN Maria Isabel. A filha do tecelão. Tradução de Maria da Consolação de Matos. Belo Horizonte: Fumarc, 1997.
TOMERO Maria Del Carmen de Frías. Aonde Deus te chame – uma vida consagrada à educação cristã. 2.ed. Belo Horizonte: Fumarc, 2006.
VÍRSEDA María Luisa Matamala. Juanita nos conta sua vida. Tradução e adaptação de Maria Helena Lopes de Oliveira. Belo Horizonte: Fumarc, 1997.

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