Cadeira nº 5: Clóvis Salgado


Médico, Estadista e Incentivador das Artes
Clóvis Salgado, patrono da Cadeira nº 5 da ALLA
Fotografia do acervo da família.

“Conheço a extensa galeria das personalidades brasileiras e posso afirmar,
com conhecimento de causa, que nenhuma o excede em preparo, eficiência, lealdade e nobreza.”
Assim Juscelino Kubitschek, em carta datada de 14 de maio de 1973, se referiu ao nosso conterrâneo que, se vivo fosse, teria completado 100 anos em 20/01/2006.
Leopoldina celebra, com muito orgulho, um de seus filhos mais ilustres e, na minha opinião, aquele de maior projeção nacional e que produziu obras de maior consistência na medicina, na cultura e educação.
Mas quem foi este que hoje é nome da maior e mais importante fundação cultural da capital mineira?
Nascido em Leopoldina em 20/01/1906, dia da celebração de nosso padroeiro São Sebastião, foi cirurgião e ginecologista formado pela UFRJ e professor catedrático da faculdade de medicina da UFMG, onde também foi diretor, exercendo este cargo até o ano de sua morte (1978).
Na política, foi vice-governador de Minas na gestão de Juscelino e governador quando este se desincompatibilizou para candidatar-se a presidente (de 31/03/55 a 31/01/56). Nessa ocasião, saiu publicado no Diário de Minas: “JK sai, assume Clóvis Salgado. Sai Diamantina, entra Leopoldina.”
Em seguida, foi ministro da educação e cultura do presidente Juscelino Kubitschek, novamente vice-governador de Minas (de 1961 a 1966) e secretário estadual de saúde de Israel Pinheiro (1967 a 1971).
Casado com a soprano Lia Salgado (nome de nosso conservatório), teve 3 filhos: Clóvis Augusto, Virgínia Helena e Marília. Esta última eu tive o prazer de conhecer pessoalmente por ocasião do recital de piano de seu filho, também chamado Clóvis, no Conservatório “Lia Salgado”, em 2005.
E o que ele fez que tanto o projetou? Para começo de conversa, deu suporte aos governos de Juscelino, inclusive colocando as forças armadas de Minas em prontidão para garantir a legalidade democrática e permitir a posse de Juscelino como presidente eleito.
Pela saúde, criou o Hospital de Ginecologia de BH (1937), fundou a Cruz Vermelha em Minas (1942), organizou a Escola de Auxiliares de Enfermagem (1950), construiu os hospitais Bias Fortes, Borges da Costa, da Cruz Vermelha e das Clínicas e dirigiu o hospital São Vicente de Paulo e a Maternidade São José, todos na capital do Estado.
Com refinado gosto pela arte, foi marco da cultura mineira ao realizar grande encontro de arte em Ouro Preto, quando governador, reunindo nomes como Camargo Guarnieri, Menotti del Picchia, Cecília Meireles e Cacilda Becker, o que foi o embrião do Festival de Inverno da UFMG. Criou também o teatro Marília, a Fundação de Educação Artística, a Sociedade Coral e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.
Como ministro, criou o Teatro Nacional de Comédia (1956), o Museu Villa-Lobos e as Casas do Brasil em Paris, Londres e Madri. Foi ainda um dos fundadores da Universidade de Brasília e fundou o Instituto Superior de Estudos Brasileiros, iniciativa que o levou a ser perseguido pelo regime militar entre 1964 e 1967.
Ao retornar a Minas, como Secretário de Estado, idealizou o Palácio das Artes de Belo Horizonte, por volta de 1970.
E para sua terra, o que ele fez? Enquanto governador, criou o Conservatório Estadual de Música e transformou o Ginásio Leopoldinense em escola pública, ampliando o acesso à educação a quem não podia pagar. Como ministro, organizou a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo, tendo Leopoldina como plano piloto. Criou a Escola Parque, o Centro de Formação de Professores no bairro Fortaleza e a Biblioteca Pública Municipal.
Hoje, empresta nome a uma praça no bairro Bandeirantes e a uma avenida no bairro São Cristóvão.

a) José Gabriel

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